NOSSO ADEUS ÁS IRMÃS CONCECPCIONISTAS DA VILA REZENDE.

(por Claudinei Pollesel). As irmãs Concepcionistas de Piracicaba Vão embora, conforme noticiado pela imprensa. Misto de tristeza, gratidão e saudades. Os caminhos de Deus e seus planos não estão ao nosso alcance. Assim nunca entenderemos o porquê deste Mosteiro não ter prosperado em vocações, o que garantiria sua permanência entre nós. Dom Ernesto de Paula, primeiro bispo da Diocese de Piracicaba, trouxe para a recém-criada Diocese, dois mosteiros de irmãs contemplativas, as Concepcionistas e as Carmelitas, ainda em 1956. E ainda tinha o projeto de um terceiro mosteiro, como escreveu em suas memórias. Eram outros tempos, há quase setenta anos atrás. Existiam mais vocacionadas, talvez. A Irmã Carmelita tem muitas jovens e senhoras vocacionadas e não correm o risco de “extinção”, felizmente. Madre Terezinha, então Priora do Carmelo, falecida em fama de santidade, uma vez me disse que elas têm muitas vocações porque elas têm Santa Terezinha do Menino Jesus como principal promotora vocacional. Faz sentido. A santinha francesa encanta e seduz ainda hoje. Quanto ás Concepcionistas que agora se vão, só Deus poderá medir e quantificar todo o bem material e espiritual distribuídos por elas, através das grades do Mosteiro da Imaculada Conceição da Vila Rezende. Quando Padre Vicente Tonetto, missionário xaveriano, era capelão do mosteiro, na década de 80, criou um vínculo santo com a Madre Celina e com toda a comunidade do mosteiro e da capela. Juntos construíram capelas, creches e casas nos bairros de Santo Antônio e Novo Horizonte. Milhares de cestas básicas eram distribuídas pelo Padre Vicentão, arrecadas pela Madre e sua equipe. Ainda hoje Madre Celina é lembrada como anjo de misericórdia. A praça ao lado do Mosteiro tem seu nome, por iniciativa do vereador Capitão Carlos Gomes. É próprio da regra das irmãs de clausura que sejam autossuficientes em quase todos os afazeres internos. Elas são responsáveis pela casa, comida, roupa, jardim, pequenas manutenções, além do principal que são as horas dedicadas a oração. Os mosteiros mantem atendimento ao público para aconselhamentos e orações. A comunidade de Piracicaba há algum tempo já não conseguia esta autonomia e dependia da ajuda externa. As últimas quatro irmãs que aqui residem e a quem caberá a triste tarefa de fechar as portas e apagar a luz são fortes guerreiras que tudo fizeram para que o fechamento não ocorresse. Lutaram mas perceberam a hora de descansar. Afinal a obra nunca foi delas e para elas, sempre foi Dele e para Ele. Para nossa gratidão, carinho e registro, anoto aqui seus nomes e suas fotos. MADRE MARIA ANTONIA DE SANTANA GALVÃO, (Maria das Dores Valente Paraíso), nasceu em 02 de maio de 1935 no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo/SP. Estudou o primário com as irmãs vicentinas e o ginásio com as irmãs salesianas, em Guaratinguetá. Entrou para o Mosteiro da Luz com apenas 16 anos em 1952. Não havia ainda professado os votos perpétuos quando foi designada para a fundação do Mosteiro de Piracicaba. Aqui exerceu o ofício de rouparia, isto é, confeccionava o hábito das irmãs e secretária. Escreveu muito bem e publicou seus artigos no jornal de São Manuel, cidade de origem de sua família e na imprensa católica. Foi abadessa em duas ocasiões: de 1991 a 1993 e de 2000 á 2003. IRMÃ MARA LUCIA DA ASSUNÇÃO, (Marilene Vitti Mosna) piracicabana, descendente de tiroleses, nasceu em Santana em 16 de novembro de 1941. Estudou no colégio Assunção das Irmãs de São José. Entrou para o Mosteiro com 15 anos de idade. Foi a primeira á ingressar quando o mosteiro ainda estava na rua treze de maio, centro de Piracicaba. Cuidava dos canteiros, cultivando flores para a capela, depois foi ajudante da Madre Maria Helena na cozinha. Conserta e pinta imagens sacras com perfeição. IRMÃ MARIA BEATRIZ DE JESUS HÓSTIA, (Conceição Aparecida Davanzo), nasceu em Charqueada em 27 de janeiro de 1955. Descendente de italianos e pelo lado materno, parente do Santo Papa Pio X. Entrou no Mosteiro com 19 anos em 1974. Excelente bordadeira, já fez várias toalhas de altar. Atualmente se dedica a cozinha e a pintura de peças sacras. Foi a primeira a ingressar no mosteiro já instalado em sua sede própria, na Vila Rezende. Irmã Rosa do Carmo Garcia, atual superiora da comunidade, veio de outro mosteiro e muito contribuiu para a manutenção e existência da comunidade desde então. Com certeza a decisão da partida é a melhor solução, apesar de triste para a comunidade católica de nossa Diocese, que perde o Mosteiro, as irmãs, além das missas diárias daquela belíssima capela. Ainda mais triste para as irmãs que estão ali desde a mais tenra juventude. Que Deus as ampare e recompense. Que Santa Beatriz da Silva as abençoe. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição cuide e ampare, nesta nova vida no Mosteiro da Luz, ao lado do primeiro santo brasileiro, Santo Antônio de Santana Galvão, que ali viveu e está sepultado. Sua benção, irmãs! Continuem rezando por nós e por nossa Diocese. Sentiremos falta das senhoras. Obrigado por tudo. (Claudinei Pollesel é historiador e membro do IHGP).

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