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Mostrando postagens de julho, 2021

Mini crônicas - para não esquecer - 19

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Mini crônicas – para não esquecer – 19 Ser padrinho de batismo é algo sério. A Igreja nos lembra de que nos tornamos corresponsáveis, junto dos pais, pela vida e pela educação na fé destes afilhados que nos foram confiados. O pai e a mãe tinham varias afilhados e por eles nutria carinho e amor especial. Era costume pedir a benção aos padrinhos igual se pedia aos pais, avós e tios. Perdeu-se muito deste bom habito. De todos estes afilhados lembro que o Dalmo, irmão do Neio, pediu a benção sempre. Habito santo e bonito. Outro detalhe desta relação é que os pais se tornavam compadres e comadres e esta relação era bastante valorizada. O titulo de compadre e comadre era acrescentado ao nome, ou mesmo substituindo o nome. No caso do “vo Delino”, pai de minha mãe, que batizou a Cila meu pai o chamava de “compadrete”, talvez uma forma mais carinhosa ou diferenciada por ser seu sogro. No tempo mais antigo meus pais foram padrinhos do Carlos Andreoli, do Jose Andreoli, do Dalmo Nascimento, da
Mini crônicas – para não esquecer - 18 Em 2006 compramos a chácara. São quatro mil metros desmembrados das terras do Carmelindo Lopes, no Bairro do Formigueiro. Dividimos o valor em três compradores: o pai, eu e o João. Ao lado o João Fabiano também tinha comprado uma. Hoje é a casa da família do João Umberto. Não tínhamos noção naquela época do quanto ela seria fonte de benção e alegria para nossa família. Desde o inicio tornou-se o xodó do pai e da mãe que sempre foram pessoas da terra, sabiam e gostavam de plantar, cultivar e colher. Já existia uma pequena casa de madeira, muito bem feita pelo Seu Zé e Dona Maria, os antigos proprietários. O pai sempre repetia que era feita de “angico preto”, madeira dura e nobre. Nesta casinha de madeira iniciamos as reuniões familiares aos domingos, os almoços preparados pela mãe, pela Cila e pela Ana. Muitos pastéis e bolinhos folhados foram fritos no fogãozinho de lenha. Era o ponto de encontro, era o local de ser feliz ao lado do pai e da mãe.

mini cronicas - para não esquecer - 15

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Mini crônicas – para não esquecer - 15 Em 13 de fevereiro deste ano de 2021 mudamos para Saltinho. Adiamos esta mudança por muito tempo, mas agora era a hora e decidimos voltar. Não queríamos interferir na vida do pai, enquanto ele não precisasse. Tínhamos feito uma edícula no fundo deste terreno que era nosso e de meu pai. Para esta construção usamos o dinheiro que a Dalva recebeu de uma pequena herança de seus pais. Esta edícula inicialmente seria para ele morar, sendo que minha mãe havia falecido e seria bom ele mudar de ambiente, numa casa menor. Na época ele aceitou a ideia e mudou-se para lá. Mas pouco tempo depois quis voltar para sua casa da frente. Gostava de sua casa e escolheu o quarto da frente para dormir. Dizia que era mais ventilado, pois sempre sofria com a falta de ar. Tanto que usava bombinhas há muitos anos. Nos momentos de maior dificuldade em respirar abria uma fresta na janela da sala ou do quarto e isto aliviava seu mal estar. O pai fumou por muitos anos, prin

Mini crônicas - para não esquecer - 14

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Mini crônicas – para não esquecer - 14 Jose Alberto Polezel nasceu em Campinas/SP no dia 25 de dezembro de 1933, na fazenda da Serra, terceiro filho de Jose e Anna Citron. Seus pais e irmãos mais velhos, Pedro e Nato o chamam de “nenê” e este apelido durou para sempre. A mãe o chamava de “nenê”. Em 03 de junho de 1934 é batizado na Paroquia Nossa Senhora do Carmo em Campinas/SP, pelo Padre Aniger Francisco Melillo, que depois tornou-se o segundo bispo de Piracicaba, tendo como padrinhos seus tios Toninho e Maria Aparecida (tia nenê). Com oito anos é matriculado na escola da Fazenda da Serra. Frequenta a escola por um ano, tempo suficiente para aprender a ler e escrever e fazer contas com muita facilidade. No ano seguinte sua mãe morre durante o parto de sua irmã caçula, Therezinha. A situação da família fica complicada e ele deixa de ir á escola. Suas irmãs são adotadas pelas tias. Os meninos permanecem com o pai. Quando estava com 14 anos, seu pai casa-se com Maria Eloisa Torboll

Mini crônicas – para não esquecer - 13

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Mini crônicas – para não esquecer - 13 A sua mãe Anna Citron morreu muito jovem, aos 35 anos. Ficou órfão com apenas 8 anos. Sua referência de mãe passa a ser sua avó materna, Thereza Carnielli Citron, chamada por todos de “Iéia”, imigrante italiana que nunca aprendeu o português. Casada com Umberto Citron, o “tchotcho”, apelido devido o habito muito italiano de chuchar o pão no café com leite. Gostava de visita-la. Morando em Piracicaba vinha com a mãe e a Cila, ainda criança, visitar seus avós, que moravam na Rua Buarque de Macedo, 855, na Vila Nova, em Campinas. Divirtia-se contando que a mão não compreendia uma palavra sequer do linguajar da “nonna”, que dizia assim “... ma non capisce niente!...”. É desta avó e destas visitas que herda a devoção á Nossa Senhora das Graças, que o acompanhará até o ultimo minuto de sua vida. A igreja com esta devoção ficava pertinho da casa destes avós queridos e era por eles frequentada. Temos tristezas e alegrias que são eternas, que ficam im

Mini crônicas – para não esquecer

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Mini crônicas – para não esquecer - 11 A mãe tinha uma fé simples e autentica. Acreditava no poder da oração e rezava o terço todos os dias, sentada na beira da cama, antes de dormir. Crescemos ouvindo seus murmúrios de oração, desfiando as contas do terço e o barulho de seu livrinho de rezas. Era música de ninar para nossos ouvidos de crianças. Ia pouco à missa, mas não faltava nos terços e novenas do bairro, junto de seus vizinhos. Este São Benedito era dela e ficava na cozinha. Em sua frente toda manha a mãe colocava um pouquinho de café recém-coado. Acreditava piamente que ele bebia. Acreditava que fazendo assim não faltaria comida em casa. Realmente nunca faltou. Pobres, sem dinheiro ou bens, mas sempre com fartura de comida. Comida produzida pela família. Horta, plantações e criações que mantinham a vida da família no sitio. Quanto ao São Benedito quem bebia todos os dias seu cafezinho eram as abelhas e formigas. Mas não importava para ela. A fé da mãe dizia que era o santo p

Mini crônicas – para não esquecer – 003

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Mini crônicas – para não esquecer – 003 O pai era palmeirense. Mais que palmeirense, era um anti-corintiano roxo. Gostava muito de assistir o futebol pela TV. Mesmo sozinho. Nestes últimos tempos, mesmo com a saúde muito debilitada eu, do meu quarto escutava sua TV transmitindo os jogos ate o final, quando ele então ia para a cama. Jogou bolo durante toda a vida, enquanto foi possível. Era goleiro. Por isso seu segundo apelido: Maidana. Homenagem a um goleiro uruguaio que jogou no Brasil. No período que moramos na Chacara Fillipini, no Rolador todo sábado ele jogava com o seu time, no campo de grama da chácara. Antes deste período seu local de jogo era o famoso e antigo campo da Fazenda Taquaral. Eu era criança, mas lembro bem dele jogando. Era o único momento que ele podia ser visto de bermuda. Ia de calça com o short por baixo e chegando ao campo tirava a calça. Nunca usou bermuda ou short fora deste contexto. Nem para dormir. A mãe contava que quando mocinha foi escondida no campo

ASSIM MORREM OS JUSTOS! Quando os justos morrem, eles entram na paz! Jose Alberto Polezel (25.12.1933 – 06.07.2021)

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Na sexta-feira, 02 de julho, cheguei ás 8 horas da manha em casa, pois havido dormido em São Paulo. Dalva e Victoria já estavam no trabalho. A casa do pai toda fechada com exceção de uma fresta na janela do quarto. Imaginei que ele estivesse deitado e fui pelo jardim em direção àquela janela. Ao passar pelo vitro da sala, ouvi seu grito: “olha o vulto, quem está ai?”. Entrei então e o encontrei em sua inseparável poltrona, coberto com a mantinha vermelha. Falou-me que a falta de ar estava grave e que a Dalva o havia levado no medico na quinta. Contou-me que o médico queria interna-lo, mas que não quis e não concordou, pois ali naquele sofá era a sua UTI, não precisava ir pro hospital. Falou-me que evitaria ate mesmo de sair na garagem ou no portão, pois havia feito isto na quarta e tomou sol e vento e isto pode ter agravado sua situação. Disse que cuidaria para não ter que ser hospitalizado. Na quarta-feira anterior a Dalva consultou os filhos e fomos unanimes na resposta: enquanto

Mini crônicas - para não esquecer - 002

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Na chácara Fillipini, do Rolador, meu pai fazia grandes plantações de arroz, feijão, vassoura e milho no sistema de “meieiro” com os donos da terra, os irmão Myllos, Nilton e Benito, filhos do Comendador Angelo Fillipini. Criava galinhas e porcos e produzia “carne de lata”, pois não tínhamos geladeira, linguiça, toucinho, além de hortaliças cultivadas pela minha mãe. Herdei deles o amor e o apego á terra. Neste tempo a Cila casou-se com o Néio e foi morar no Olaria do Antônio Casagrande, ali perto; o Zé já trabalhava na cidade, casou-se e foi morar no Piracicamirim. A responsabilidade de ajudar na lida da roça ficou com a Ana e o João. Eu era muito pequeno ainda. Revejo na mente e no coração a colheita de arroz, onde meu pai estendia um encerado no meio da roça, deitava um tambor neste encerado e ali batia o pé de arroz, fazendo com que os grãos se desprendessem dos cachinhos. Mesmo muito pequeno eu participava destes momentos na roça. Passo seguinte era levar estes sacos de arroz

Mini crônicas - para não esquecer - 001

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Mini crônicas - para não esquecer. Suas paixões eram os tratores e os caminhões que pilotou no período em que foi encarregado e motorista da Cerâmica Paineiras. Em toda conversa ele incluía alguma história, alguma peripécia acontecida na cerâmica com seus veículos de trabalho. Mesmo sendo praticamente analfabeto fazia entregas de tijolos em qualquer periferia de Piracicaba e região e ainda lembrava-se destes endereços com detalhes. Foram muitas historias, incluindo alguns acidentes, mas houve uma maior e marcante na vida dele e de todos nós. No dia 18 de março de 1999, de manhã, se preparando para coletar e transportar a terra para a fabricação dos tijolos, por algum motivo nunca lembrado ou esclarecido, ele debruçou-se sobre o chassi do caminhão, esquecendo-se que a alavanca estava acionada, sendo então esmagado entre o chassi e a caçamba. Não se lembrava de nada disto. Tinha lembrança somente do hospital quando recobrou a consciência. Dizia que foi amparado em todo momento por Noss

Pai e mãe

 Foram 58 anos de casados... após quase dez anos que a mãe morreu, o pai foi ao seu encontro . Em tudo damos graças a Deus ...