Irmã Angela Polesel



Todo pesquisador iniciante de Genealogia tem um desejo secreto: descobrir ancestrais ilustres. Comigo não foi diferente. Acabei satisfazendo este feito, mas ao invés de um nobre, de um conquistador ou de um bárbaro cheio de ouro e prata, a minha heroína foi uma mulher humilde, bastante frágil em sua aparência física.
Não acumulou riquezas, títulos ou conquistas. Nem mesmo filhos seus. Optou pela vida religiosa e consagrou-se na pobreza, castidade e obediência no Instituto das Irmãs do Santo Nome de Deus, onde ingressou com apenas 16 anos. Morreu de malária com apenas 40 anos.

A heroína a quem dedico este livro e toda a minha pesquisa genealógica é a missionária italiana Angela Polesel.

Ela nasceu em Treviso em 1o. de setembro de 1935, numa família pobre. Ao terminar a 4ª. série da escola elementar, foi mandada pelos pais como babá para junto de uma família amiga. Eram tempos de pós-guerra, muito difíceis para todos e sacrifícios eram necessários.
Com 14 anos, uma tia freira a leva para Porcari , província de Lucca, para estudar no Colégio dos Padres Cavanis. Este fato foi fundamental em sua vida, pois dois anos depois, com 16 anos, ingressou no noviciado das Irmãs Cavanis, as religiosas do Santo Nome. Fez a profissão perpétua com apenas 23 anos.
Em 10 de julho de 1972, já com 37 anos, se oferece para a missão na Guiné, antiga colônia portuguesa na África. É destinada à Missão de Bubaque, capital dos Bijagos.
Entre o povo Bijago, exprime o melhor de si. São mais duas religiosas nesta missão: Irmã Augusta Fedel e Irmã Maria Teresa Gargani. Imersa em uma natureza quase intacta, viveu a vida ainda mais simples e baseada somente no essencial. Aprendeu a viver da natureza. Muitas vezes faltou até mesmo a comida e, assim, teve de aprender a caçar e cozinhar animais de pequenos e médios portes, vencendo a resistência natural para alimentar-se, inclusive de carne de macaco, tão distante de seus hábitos europeus.
Mas os planos de Deus eram outros. Apenas três anos após sua chegada na missão, em fevereiro de 1975, um ataque de malária obriga-a a ficar em casa. Recupera-se rápido e dois dias depois está de volta ao trabalho. Entretanto, na tarde de 11 de março, voltou à febre. Tomou os medicamentos para a malária e foi assistida pelas Irmãs. Recebeu, também, a visita da enfermeira do posto. Seu caso não parecia ser grave, tanto que ela disse: “Amanhã me levanto!”.
Ao contrário dessa previsão, no sábado de manhã, 15 de março de 1975, na hora do Ângelus, sua bela alma retornou à casa do Pai.

“Estava madura para o Reino dos céus. Presidiu aos funerais o prefeito Apostólico, Mons. Amandio Domingues Neto, que utilizou seu avião Rallye para ir a Suzana buscar as Irmãs do Instituto, e de Bissau levou ainda os padres do PIME. Desta forma quis Deus exaltar a humildade de sua pessoa e pôr em relevo as suas virtudes cristãs e religiosas”. (1)

“... uma pequena freira que deu a vida pela Guine Bissau. ... é a primeira freira italiana a morrer em Guiné e foi sepultada no pequeno e pobre cemitério das ilhas bijagos.” (2)

“... ao lado dos padres do PIME não podemos esquecer as irmãs do Santo Nome de Deus – e de maneira especial a irmã Ângela Polesel que faleceu em Bubaque em 1975 e que está sepultada no pequeno cemitério de Bubaque...” (3)


A sua memória ainda é presente entre o povo Bijagos, que ela tanto amou. Em 2000, quando foram completados 25 anos de sua morte, sua memória foi ricamente celebrada dentro de uma Semana Vocacional e Missionária, como escreve o Padre Marcio, da Paróquia Imaculada Conceição:

“... este é um sinal de como o Senhor faz sempre frutificar as sementes do bem que espalha através de seus servos bons e fiéis”.


...”envio algumas informações a respeito da Ir. Angela Polesel das Irmãs do Instituto do Santo Nome Deus. Como vê, tomei tais informações dos livros do Pe. Rema e Pe. Gheddo. Na Guiné Bissau, talvez alguns missionários pudessem dizer algo mais sobre ela. Posso ainda perguntar. No entanto, a coisa melhor seria contatar a Irmã Adélia Toffolo que está em Pérola do Oeste, PR. As irmãs Maria e Rosa já faleceram. Uma das que estavam em Bubaque, a Maria Teresa Gargani deveria estar em Castro, PR .Conheço as 03 de Suzana desde 1985 quando cheguei na Guiné Bissau. Tive a graça de estar com elas, em Suzana, de janeiro de 1993 quando de lá saíram. Conheci Irmã Teresa em Castro .Claudinei, eu gostaria de conhecer o resultado da sua pesquisa. Se for necessário ainda alguma ajuda, estou disposto a colaborar.”
Dom Pedro Zilli – bispo brasileiro em Guiné Bissau


...”Recebemos o seu e-mail com o pedido de informações sobre a vida de Irmã Angela Polesel. Eu Ir.Augusta Fedel, fiz parte da Comunidade de Bubaque, na África a qual pertencia a Ir. Angela e Ir. Maria Teresa Gargani.
Naquela missão, trabalhou incansavelmente por três anos, desde 10 de julho de 1972 até o dia 15 de março de 1975. Não mediu esforços para ajudar os irmãos Bijagos que tanto precisavam dela.Foi boa missionária no verdadeiro sentido da palavra, esquecendo-se para que o anuncio do Reino de Deus, falasse mais alto com o seu testemunho. Quando faleceu, o povo dizia a uma só voz que Irmã Angela era para sempre o Anjo do povo Bijagos, a tribo deles. Ela dizia que queria ficar para sempre com esta tribo e Deus atendeu o seu pedido, do céu ela está sempre intercedendo por eles e para todos aqueles que à amavam.
Estou sempre a disposição se precisar.”
Irmã Augusta Fedel – Instituto das Irmãs do Santo Nome de Deus


“Prezado Claudinei,
com muito interesse recebi o teu e-mail. Tentarei dizer algo sobre ir. Ângela. Lembro dela quando eu cheguei também em Porcari para uma experiência vocacional,ela era já irmã. Uma irmã simples, humilde, generosa, disponível, com espírito de sacrifício e oração. Eu a admirava muito. Mais tarde em 1961, fomos destinadas em uma cresce e passamos juntas um ano. Lá mais descobri nela retidão consciência, uma firmeza inabalável e delicadeza e atenção para com as irmãs, crianças e o povo.
Quando as três irmãs chegaram na Guiné Bissau, foi pedido para eu representar nossa presença na chegada delas . Eram tempos difíceis, tempo de guerrilha. Nós em Suzana e elas em Bubaque; as duas extremidades do País. Único meio era o avião militar até Bissau, para nós; de Bissau para ilhas de Bijagos era o Barco de difícil acesso e perigo do oceano. Nos podemos encontrar uma só vez,quando nós, as irmãs de Suzana, fomos visitá-las.
Ela dava o melhor que tinha para aquele povo tão necessitado de Deus verdadeiro e junto com as irmãs começou trabalhar na promoção humana, com as mulheres e as jovens. Eu sempre vi nela uma grande forca de vontade, uma doação cada vez mais entregue ao Senhor ao Qual tinha consagrado sua vida sem reservas.
Ela não estava muito boa, mas o seu desejo era se entregar total ao Senhor pelo Reino. Não media esforço, esquecendo-se de si.
Em janeiro deste ano, tive a oportunidade de passar por lá. Ainda agora o povo lembra dela e rezam para receberem ajuda. Diziam: as irmãs foram embora, mas nós temos aqui conosco imã Ângela a qual nos faz lembrar todo bem que as irmãs fizeram para nós.
No cemitério simples, ela está lá como lembrança e testemunho de vida. Já nasceram algumas vocações a vida religiosa e sacerdotal e com certeza o seu exemplo, acredito, pode ter sido como semente lançada na terra, para produzir frutos,é também meta de tantas pessoas do povo que não podem esquecer o bem dela recebido.
“Para realizar as obras de Deus precisa humildade, confiança e fortaleza”.
(Frase dos veneráveis Fundadores PP.Antonio e Marcos Cavanis)
Irmã Adélia Toffolo
Pia Sociedade do S. Nome de Deus (Irmãs Cavanis)

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