Frei Francisco Erasmo Sigrist (1932-1998), o pai do Jardim Glória. RESUMO BIOGRÁFICO
Frei Sigrist
nasceu em Helvetia, colônia de suíços, na cidade de Indaiatuba/SP no dia 30 de
maio de 1932. Quinto filho de Francisco Xavier Sigrist e Lina Ambiel.
Com 12 anos
incompletos ingressa no Seminário Seráfico São Fidélis, dos frades Capuchinhos,
em Piracicaba/SP. Após o término dos estudos elementares ingressa no noviciado
em Taubaté/SP onde recebe o hábito franciscano e o nome religioso de frei
Justino Maria de Helvetia. No final do segundo ano de noviciado, às vésperas de
professar os votos religiosos, é convidado pelos seus formadores a deixar a
vida religiosa e retornar à casa dos pais. Estava com 19 anos e recebe esta
ordem com muita dor e sofrimento, pois se sentia vocacionado a vida
franciscana. Após um período difícil de
adaptação, assume os trabalhos no sítio da família, com a produção de frutas e
verduras, o trato dos animais e a produção de leite. Tona-se atuante na
Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes e na Sociedade Escolar São Nicolau de
Flüe, sendo vice-presidente e presidente desta associação.
Para surpresa
de todos e em especial da família, aos 42 anos, em 1975, após 24 anos de sua
saída do seminário, decide retornar para a vida religiosa, com os frades
capuchinhos. Recusa o convite para
tornar-se padre no Clero de Campinas/SP. Sentia-se vocacionado a vida
franciscana e seu modelo de vida e santidade era São Francisco de Assis.
Finaliza o
curso de filosofia em Nova Veneza, distrito de Sumaré/SP e é enviado para a
Alemanha, para estudar filosofia na Universidade de Würzburg. Parte com ele frei
Sermo Dorizotto. Permanece na Alemanha por quatro anos e aproveita este tempo
para estreitar os laços de amizade com seus parentes e amigos da Suíça.
É ordenado
diácono em 16 de julho de 1983 na Catedral Würzburg, na Alemanha. Após quatro
anos, retorna ao Brasil e é ordenado padre em 18 de dezembro de 1983, por Dom
Constantino Amstalden, seu primo e bispo da Diocese de São Carlos/SP.
Sua primeira
destinação como padre é para Piracicaba/SP como mestre de noviços e vigário da centenária
Igreja dos Frades. No ano seguinte recebe nova missão e muda-se para a maior e
mais pobre favela de Piracicaba, o Jardim Glória. Torna-se guardião da recém-criada
Fraternidade Nossa Senhora da Glória, onde faz comunidade com os seminaristas
Antônio Supriano e Carlos Silva, morando num barraco de madeira, como todos os
outros moradores daquela favela.
Convicto de
que aquela realidade não é digna dos filhos de Deus, começa a sonhar com a
transformação daquela comunidade e, junto com os franciscanos, os amigos
suíços, parentes e amigos, organiza a comunidade local em mutirões e dá início
ao grande processo de transformação social, construindo casas de alvenaria em
substituição aos miseráveis barracos.
Além de
construir as casas, constrói também uma belíssima capela e um centro
comunitário; cobra a prefeitura para que seja colocado o saneamento básico;
introduz elementos de pura beleza naquela nova realidade, plantando palmeiras imperiais,
construindo muros de arrimo com pedras de granito e decorando a capela com
lindos mosaicos. Mantem o atendimento emergencial às famílias mais
necessitadas, fornecendo refeições diárias preparadas pela comunidade no salão
da capela. Implanta o ensino básico de adultos e atendimento médico e dentário emergencial.
Paralelo à toda esta movimentação continua atendendo como vigário na Igreja dos
frades, dando aulas no Seminário Seráfico e celebrando missas em dezenas de
capelas rurais. Atende em seu barraco, dando aconselhamento e orientação
espiritual á muitos fiéis que o procuram. As portas do barraco, sempre abertas,
para a comunidade da favela e para todos que necessitem de sua orientação
religiosa.
Em 18 de
outubro de 1998, domingo de manhã, é encontrado morto na cozinha do barraco,
vitimado por um infarto fulminante. Estava com 66 anos e 15 anos de sacerdócio.
Seu projeto estava quase concluído, pois das 120 casas planejadas, 100 estavam
prontas e entregues aos felizes moradores, com água, luz e esgoto; a capela,
quase pronta, foi inaugurada com sua missa de corpo presente. Foi sepultado em
Helvetia, sua colônia de origem.
A principal
viela da comunidade recebeu seu nome, como também o pronto Socorro da Vila
Cristina e a praça em volta da Capela de São Francisco no Jardim Monumento. No
ano 2000 os franciscanos deixaram a comunidade, mas o seu barraco continua
presente, sendo a única construção que restou em madeira, como um lembrete da
origem sofrida daquela comunidade. Foi restaurado e hoje é Patrimônio Histórico
do Município de Piracicaba.
Em 2018, para
celebrar o vigésimo ano de sua morte, foram celebradas missas e eventos cívicos
que culminaram com o lançamento da sua biografia: “Deo Omnis Gloria, a vida de
um homem santo”, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba,
coordenado pelo frei Jose Orlando Longarez e pelo historiador Claudinei
Pollesel.
(Claudinei Pollesel é historiador e membro
titular do IHGP).
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