São Nicolau de Flüe – suas igrejas e suas relíquias no Brasi

l Claudinei Pollesel “Ó meu Deus e meu Senhor, afaste de mim tudo o que me afasta de você. Ó meu Senhor e meu Deus, dê-me tudo o que me aproxima de você. Ó meu Senhor e meu Deus, livre-me do meu egoísmo e conceda-me possuir somente você. Amém”. (Oração de São Nicolau de Flüe) Helvetia é uma colônia de descendentes de imigrantes suíços. Fica no município paulista de Indaiatuba e é referência quando se trata de assuntos relacionados aos costumes e tradições da pátria mãe suíça e á devoção á São Nicolau de Flüe. Muitos de seus moradores são descendentes diretos deste santo e de sua esposa, Dorotéia. Outros tantos que tem sua origem nesta colônia de Helvetia estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo, levando consigo esta devoção ao Patrono da paz, Padroeiro da Suíça, lá chamado de Irmão Klaus e venerado carinhosamente também pelos irmãos protestantes. A Paróquia de Helvetia curiosamente não tem São Nicolau de Flüe como seu patrono. A matriz é dedicada á Nossa Senhora de Lourdes e São Nicolau de Flüe é seu segundo patrono, tendo sua imagem no altar lateral do presbitério, dividindo este segundo lugar com São José. Parece muito coerente que São Nicolau tenha cedido seu lugar á Mãe de Deus, pois foi devoto fervoroso de Maria e era visto diuturnamente com o terço na mão, sendo assim retratado em suas imagens. Na região de Campinas, onde fica também Helvetia foram construídas duas igrejas que tem São Nicolau como padroeiro. A belíssima paróquia em São Carlos/SP construída com entusiasmo e pelo empenho de Dom Constantino Amstalden, bispo daquela diocese, nascido em Helvetia e descendente do santo e a simpática capela no município de Campinas/SP, pertencente á Paróquia de Santa Luzia, no bairro Jardim Anton von Zuben. Curioso ressaltar que esta capela fica onde antes eram as extensas terras deste imigrante suíço, Anton von Zuben, também descendente do santo. Em Piracicaba/SP temos a devoção á São Nicolau iniciada recentemente na Capela de São Francisco e Santa Clara de Assis, do Jardim Glória. Esta devoção teve inicio há mais de 30 anos atrás quando aqui viveu o frade capuchinho frei Francisco Erasmo Sigrist, natural de Helvetia e também descendente do casal santo. A devoção foi interrompida com a morte de frei Sigrist em 18 de outubro de 1998 e retomada agora, graças ao empenho de um grupo abnegado de amigos. Em Guaratinguetá/SP e em Anápolis/GO a devoção á São Nicolau é resguardada pela Ordem dos Irmãos de Santa Cruz, que se utiliza de sua espiritualidade eremita e mantem pequenas capelas dedicadas a este santo em seus Mosteiros. Entre as famílias helvetianas a devoção á São Nicolau encontra seu maior espaço. Conhecem sua história e a perpetuam entre seus descendentes, orgulhosos e felizes por tal parentesco. A biografia mais conhecida de São Nicolau foi escrita por Dom Constantino Amstalden: “São Nicolau de Flüe, o construtor da paz”. Mais recentemente foi publicado outro volume biográfico de autoria de Dom Eduardo Malaspina, atual bispo de São Carlos e também devoto e divulgador da devoção a São Nicolau. Sua pequena imagem vestido com a túnica de eremita, cajado numa das mãos e o santo terço na outra é bastante conhecida. Assim é eternizado desde sua morte em 21 de março de 1487, em Sachseln, na Suíça, onde também está sepultado. Sua beatificação aconteceu em 1669. A canonização foi celebrada pelo Papa Pio XII, no ano 1947. A festa litúrgica de São Nicolau de Flüe foi instituída para o dia 21 de março. Ele é também celebrado como herói da pátria no dia 25 de setembro, dia especial para os suíços que neste dia descem das montanhas com o gado para o confinamento de inverno. É um dia de festa em todo o país esta descida com as vaquinhas enfeitadas. São Nicolau de Flüe, ou Irmão Klaus, passou a ser o Santo mais popular de toda a Suíça. No Brasil existem algumas relíquias de primeiro grau de São Nicolau, isto é, fragmento de seus ossos. A Paróquia de São Nicolau de Flüe em São Carlos/SP venera a sua relíquia dignamente incrustrada no altar; a Paróquia de Nossa de Lourdes, de Helvetia, possui dois belíssimos relicários com estes fragmentos, sendo um doado pelo Cônego Lino Braz Banwart e outro por Dom Nicolau de Flüe Gut, ambos sacerdotes nascidos nesta colônia. A Capela de São Francisco e Santa Clara de Assis, do Jardim Glória em Piracicaba/SP, possui uma imagem de São Nicolau ao lado de Doroteia, sua esposa, tendo sua relíquia incrustrada no pedestal desta imagem, transformando-a em artístico relicário, exposto no presbitério ao lado dos padroeiros. O Mosteiro dos Irmãos da Santa Cruz de Guaratinguetá/SP venera a relíquia em sua pequena capela dedicada ao santo. Outra relíquia de primeiro grau está em Campinas/SP. Este fragmento santo está com esta família desde 1947, quando houve a canonização e foi trazida para o Brasil pelos patriarcas Walter Gut e Anne Hass Gut que estiveram na cerimônia, em Roma, presidida pelo Papa Pio XII. O certificado de autenticidade da relíquia é de 1948. A relíquia está dignamente exposta num artístico relicário, adornado com pedras, tendo ao seu lado uma pequena escultura em madeira do santo e está sob a tutela de Arthur Walter Staehlin, neto do casal Walter e Anne, todos igualmente descendentes do casal santo. No dia 14 de outubro de 2021, ás 19:30 horas na Capela do Jardim Glória, em Piracicaba/SP acontecerá a Santa Missa celebrada Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo diocesano de Piracicaba que fará a entronização solene da imagem e da relíquia de São Nicolau de Flüe. Sinta-se convidado e participe conosco deste momento bonito e importante para aquela comunidade e para toda a Igreja em Piracicaba. A Igreja recomenda a veneração das relíquias e pratica esta veneração desde seus primórdios. Todos os altares das principais igrejas possuem relíquias dos mártires e santos. Seu valor é evangélico, jamais supersticioso e está sendo retomado pelos fiéis e pelas paróquias. Muitos são os relatos de milagres acontecidos pela intercessão dos santos através da veneração de suas relíquias. “Certa vez, alguns homens que estavam a enterrar um morto avistaram um desses bandos. Atiraram o corpo para dentro do túmulo de Eliseu e fugiram. Aconteceu que o morto, ao tocar nos ossos de Eliseu, voltou à vida e pôs-se de pé (2Rs 13, 21)”. (Claudinei Pollesel, do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba).

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