MUSEU HISTÓRICO E GALERIA SACRA DOM ERNESTO DE PAULA




Em 2009 comemorou-se 110 anos de nascimento de Dom Ernesto de Paula 1º. Bispo de Piracicaba.
Paulistano, filho de imigrantes italianos. Ordenado padre e sagrado bispo na cidade de São Paulo.
Como bispo, teve rápida passagem por Jacarezinho/PR, sendo transferido para Piracicaba, tomando posse em 08 de setembro de 1945.
Em Piracicaba criou paróquias, ordenou padres, instalou congregações religiosas, mosteiros e construiu o patrimônio da Diocese recém criada.
Mas a maior e mais polêmica de suas obras foi a construção da Catedral de Santo Antonio. Setores tradicionais e mesmo os contrários á Igreja nunca perdoaram o bispo por ter ordenado a demolição da antiga matriz. Com muita dificuldade e enfrentando resistências, inaugurou a nova matriz em 1950, por ocasião do jubileu de ouro de ordenação sacerdotal de Mons. Rosa, figura mítica da cidade.
Inesperadamente, em 1960 renunciou ao governo da Diocese de Piracicaba. Alegou problemas de saúde e retornou á capital e á casa de seus irmãos. Tornou-se emérito de Piracicaba e titular de Gerocesaréia. Espanto geral pois a idade de aposentadoria de um bispo é aos 75 anos e Dom Ernesto tinha ainda 60 anos. Para seu lugar foi escolhido o padre campineiro, Aniger Francisco Maria Melillo.
Após cinco anos sem atividades foi incumbido pelo cardeal de São Paulo para exercer funções burocráticas na Cúria e tornou-se capelão da Capela Santa Luzia e Menino Jesus, na Rua Tabatinguera, onde permaneceu até sua morte em 31 de dezembro de 1994. Neste período de ociosidade escreveu dois livros de incrível valor histórico: “Reminiscências” e “São Paulo do meu tempo”. Hoje consideradas obras raras pelo seu preciosismo histórico.
Foi sepultado na cripta da Catedral da Sé. O mais natural teria sido seu sepultamento na Cripta da Catedral de Piracicaba, local este idealizado pelo próprio Dom Ernesto como local de sepultamento dos Bispos de Piracicaba. Mas o velho bispo manifestou esta sua última vontade por escrito para que não houvesse dúvidas ou divergências. Existiu um esforço por parte de Dom Eduardo Koaik para que seus restos mortais fossem transladados para Piracicaba, mas sem êxito.
A cidade de Piracicaba prestou algumas homenagens á Dom Ernesto. Colocou seu nome em uma rua e concedeu o título de cidadão piracicabano. A cidade de São Paulo o homenageia em uma praça.
Mas, na cidade de São Roque/SP existe algo maior, o MUSEU HISTÓRICO E GALERIA SACRA DOM ERNESTO DE PAULA. Muitos de seus pertences, fotos, documentos, paramentos e relíquias estão neste museu particular. Localizado na zona rural de São Roque, na divisa com Mairinque/SP, é de difícil acesso, por estrada de terra, íngreme e cheia de curvas.
Sr. Roque de Castro, dono do sítio e da casa centenária que abriga o museu, recebeu dos irmãos de Dom Ernesto e do Padre Avelino, seu fiel secretário e amigo, parte de seus arquivos e idealizou o local. Difícil não ficar intrigado, pois estas coisas deveriam estar em Piracicaba, organizadas com rigor histórico. É parte da história da Diocese e da cidade de Piracicaba que está guardada em São Roque.
Qual seria a razão? Mágoas ou falta de zelo com a história?
Qualquer que seja o motivo, este não diminui o gesto do Sr. Roque de Castro. É digno de louvor e respeito este cuidado e carinho para com os pertences de Dom Ernesto de Paula.
Além de tornar sua própria casa em museu conseguiu que a Câmara Municipal de São Roque colocasse o nome de Dom Ernesto de Paula na estrada que leva até lá.
Anualmente, em julho, reúne centenas de pessoas para um dia todo de festividades em torno da figura do bispo emérito de Piracicaba. O dia começa com a fanfarra de Mairinque executando números sacros e profanos; logo após é celebrada a missa na Capela de São Miguel, anexa ao museu.
Vale a visita!
(Claudinei Pollesel, do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba).

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