capítulo 3 - RAZÕES PARA O TOMBAMENTO HISTÓRICO DO BARRACO DO FREI SIGRIST - a construção de 100 casas
RAZÕES PARA O TOMBAMENTO HISTÓRICO DO BARRACO DO FREI SIGRIST
Conheça a vida e a obra do frade capuchinho que sonhou e transformou
uma favela de Piracicaba/SP em uma sociedade digna e justa.
“...À Província de São Paulo desejo e peço que
estejam perto dos pobres, inspirando-se na bela figura de frade que foi Frei
Francisco Sigrist, o frade da vossa Província que conheci no longínquo mês de
junho do 1991”. (Frei Mauro Jöhri,
Ministro Geral dos Frades Menores capuchinhos, em 02 de setembro de 2018).
Mesmo cumprindo fielmente a
missão que lhe fora confiada pelos superiores franciscanos, frei Sigrist
percebeu, desde sua chegada ao Jardim Glória II, que teria que fazer mais por
aquele povo e que aquela situação de extrema miséria e pobreza não poderia ser
ignorada ou mesmo aceita. Inconformado e tomado de compaixão buscou recursos
entre amigos, parentes e religiosos do Brasil e do exterior, em especial na Suíça,
terra de seus ancestrais. Em sistema de mutirão, envolveu todos os moradores no
projeto de construção de moradias de alvenaria, em substituição aos precários
barracos de madeira. Com as doações conseguidas custeou todo o material de
construção, além da contratação de dois pedreiros em tempo integral que auxiliavam
os grandes mutirões dos finais de semana, onde todos envolviam-se nas
construções. Ele próprio tonava-se ajudante de pedreiro, apesar da idade. A
Diocese de Piracicaba, comandada pelo bispo Dom Eduardo Koaik, doa uma máquina
de fabricar blocos de cimento, que funciona ininterruptamente fornecendo
material para os pedreiros e seus auxiliares. Foram catalogados 120 barracos em
situação de extrema pobreza e condição desumana de moradia e estas construções
passaram a ser a meta de frei Sigrist e da fraternidade capuchinha. Os
estudantes seminaristas revezavam o tempo entre seus estudos e o auxílio
construção das casas, no atendimento ambulatorial e no ensino supletivo aos
moradores. Frei Sigrist jamais utilizou o critério de crença religiosa para
catalogar os necessitados e nem permitia que a Associação de Moradores se
baseasse nestes critérios. Nunca perguntava se eram católicos e sim o que
precisavam. A caridade nunca foi moeda de troca. Mulheres sem maridos e com
filhos, famílias com doentes, idosos eram os primeiros á terem suas casas construídas.
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