TOMBAMENTO DO BARRACO DO FREI SIGRIST Ato de amor e de justiça
TOMBAMENTO DO BARRACO DO FREI SIGRIST
Ato de amor e de justiça
Claudinei Pollesel
O “BARRACO DO FREI SIGRIST”, localizado no jardim Glória II, em
Piracicaba/SP está aguardando tombamento como PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
DE PIRACICABA desde 12 abril de 2002, quando o processo foi aberto junto ao CODEPAC
(Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba). A abertura do
processo de tombamento foi solicitada pela Associação de Moradores através da
então Vereadora Dra. Márcia Pacheco. Em 2010, a mesma vereadora Dra. Marcia Pacheco
solicitou junto à Prefeitura de Piracicaba que fosse feito a restauração
completa do barraco, pois o mesmo corria o risco de desabar. Seu pedido foi
atendido e a EMDHAP (Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de
Piracicaba) reconstruiu aquele espaço, mantendo suas características originais
e providenciou um alambrado em seu entorno, protegendo-o.
Em 2018, por ocasião das celebrações pelos 20 anos de falecimento de
frei Sigrist, a profa. Marly Therezinha Germano Perecin, do IHGP (Instituto
Histórico e Geográfico de Piracicaba), inteirou-se do processo numa tentativa
de retomar a questão do tombamento e foi informada que o processo não poderia
ser finalizado enquanto não houvesse a regularização fundiária de todos as moradias
do Jardim Glória e também daquele espaço onde está o barraco.
Hoje, 05 de fevereiro de 2020, a imprensa local noticiou que o Prefeito
Barjas Negri assinou a lei complementar número 404/2019 que estabelece regras
para a regularização fundiária de núcleos rurais e urbanos em Piracicaba. Esta lei
e suas implicações possibilitam o tão sonhado tombamento do barraco, pois o
mesmo poderia ser regularizado e passaria a ter documento de escritura e IPTU,
necessários para o andamento do processo.
Assim, diante desta nova realidade, venho aqui, em nome dos AMIGOS DO
MEMORIAL DE FREI SIGRIST, pedir ás autoridades municipais, legislativo e
executivo; aos advogados e juristas; aos conselheiros do CODEPAC; aos historiadores
e ao IHGP; a Diocese de Piracicaba, aos Frades Capuchinhos e aos piracicabanos
em geral, que unam-se nesta nobre e necessária missão: o tombamento histórico
do barraco do frei Sigrist.
É justo registrar que o barraco tem recebido cuidados pela Prefeitura
Municipal, através da EMDHAP: água e luz foram religados, as telhas quebradas
foram substituídas e o entulho foi retirado do seu entorno. Esporadicamente tem
acontecido reuniões e visitas e ali foi lançado, em 2018, a biografia: “Deo
Ominis Gloria – frei Sigrist a vida de um homem santo”, pelo Instituto
Histórico e Geográfico de Piracicaba, escrito pelo historiador Claudinei
Pollesel. O acervo do barraco, pertences de frei Sigrist e dos franciscanos que
ali viveram, estão preservados e recentemente foi inaugurada uma bonita galeria
de fotos, que retratam a vida e a obra deste franciscano nascido em Helvetia,
Indaiatuba/SP e que dedicou os últimos quinze anos de sua vida a transformação
da vida dos moradores da então favela do Jardim Glória.
A pedagoga Profa. Debora Razze, moradora do bairro, tem sido a zeladora
informal do barraco, auxiliando Dona Joana, a primeira zeladora. Frequentemente
abre o barraco, seja para receber visitas do Brasil e do exterior, seja para
varrer e tirar o pó, seja para permitir que as pessoas rezem implorando pela
intercessão do frei Sigrist, aclamado como santo desde antes de sua repentina
morte, ocorrida na cozinha do barraco, em 18 de outubro de 1998.
TOMBAR, PRESERVAR e CUIDAR do ‘BARRACO DO FREI SIGRIST” é um ato de
amor e de justiça para com a vida e a obra deste frade capuchinho que
transformou uma favela, tornando-a habitável, feliz e cheia de belezas, com
centenas de casas no estilo de chalés suíços, com enormes muros de pedra, com
vielas ladeadas por palmeiras imperiais e com a belíssima capela dedicada a Clara
e Francisco, tendo em seu interior o magnifico mosaico executado pela artista
Virginia Welch.
Para finalizar convido você, sua família e amigos para que visitem o
Jardim Glória, o Barraco do frei Sigrist, a Capela e seu mosaico; aprecie os
muros de pedra e ouça o vento balançando as folhas enormes das palmeiras
imperiais. Converse com Dona Joaninha, com o Dozinho, com a Débora para poder
entender o tamanho da obra de frei Sigrist e dos frades capuchinhos que ali
viveram por 15 anos. Sugiro que termine sua visita na cozinha do barraco, local
sagrado onde a irmã morte veio buscar o frei na manhã daquele domingo. Aproveite
que está em solo sagrado e peça a interseção do nosso amigo frei Sigrist, o
Pebo de Helvetia, o Francisco do Jardim Gloria.
“MEU SONHO É UM JARDIM E O MEU JARDIM É O
JARDIM GLORIA”. (Frei Francisco Erasmo Sigrist
– 1932/1998).
(Claudinei Pollesel é historiador e membro
do IHGP).
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