Mini crônicas - para não esquecer - 002

Na chácara Fillipini, do Rolador, meu pai fazia grandes plantações de arroz, feijão, vassoura e milho no sistema de “meieiro” com os donos da terra, os irmão Myllos, Nilton e Benito, filhos do Comendador Angelo Fillipini. Criava galinhas e porcos e produzia “carne de lata”, pois não tínhamos geladeira, linguiça, toucinho, além de hortaliças cultivadas pela minha mãe. Herdei deles o amor e o apego á terra. Neste tempo a Cila casou-se com o Néio e foi morar no Olaria do Antônio Casagrande, ali perto; o Zé já trabalhava na cidade, casou-se e foi morar no Piracicamirim. A responsabilidade de ajudar na lida da roça ficou com a Ana e o João. Eu era muito pequeno ainda. Revejo na mente e no coração a colheita de arroz, onde meu pai estendia um encerado no meio da roça, deitava um tambor neste encerado e ali batia o pé de arroz, fazendo com que os grãos se desprendessem dos cachinhos. Mesmo muito pequeno eu participava destes momentos na roça. Passo seguinte era levar estes sacos de arroz para beneficiar, isto é, retirar a casaca e o farelo, no “Fillet”, na Avenida Paulo de Moraes. Não se usava dinheiro para pagamento deste serviço e sim parte do próprio arroz. O feijão era colhido arrancando os pés, que vinham cheios de vagens e transportados para o terreiro, que antes havia sido uma quadra de basquete e ali ficavam por dias, secando ao sol. Para não embolorar, diariamente eram revirados. Após secos eram surrados com longas varas, fazendo com que as sementes se desprendessem das vagens. Juntava-se aquele monte de palha e recolhia as sementes de feijão. Perigosa e assustadora era a máquina de limpar vassouras. Um rolo de madeira, incrustrado de pregos que girava velozmente ligado na eletricidade. Segurava-se os pés de vassoura passando pelos pregos que desprendiam assim as sementes, deixando os cabos prontos para serem amarrados e virarem vassouras. As vassouras eram amarradas em casa mesmo pelo meu pai, para nosso uso. Eu ajudava o João no plantio destas sementes, com a plantadeira puxada por animais. Como sempre tive dificuldade para lidar com coisas brutas quase sempre derrubava a plantadeira no fim da rua. Chegando em casa ouvia da mãe: “se você derrubou vai aparecer”. Sempre negava que tivesse derrubado mas logo nascia aquelas rodas de pés de vassoura, denunciando a mentira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

IMIGRANTES ITALIANOS QUE VIERAM NO VAPOR MANILLA EM 30 DE OUTUBRO DE 1897

FAMILIA EVANGELISTA - COMPANHEIROS NO VAPOR MANILA

POLESEL, POLLESEL, POLEZEL, POLIZEL, POLEZER, POLEZELLI, POLESELLO