ASSIM MORREM OS JUSTOS! Quando os justos morrem, eles entram na paz! Jose Alberto Polezel (25.12.1933 – 06.07.2021)

Na sexta-feira, 02 de julho, cheguei ás 8 horas da manha em casa, pois havido dormido em São Paulo. Dalva e Victoria já estavam no trabalho. A casa do pai toda fechada com exceção de uma fresta na janela do quarto. Imaginei que ele estivesse deitado e fui pelo jardim em direção àquela janela. Ao passar pelo vitro da sala, ouvi seu grito: “olha o vulto, quem está ai?”. Entrei então e o encontrei em sua inseparável poltrona, coberto com a mantinha vermelha. Falou-me que a falta de ar estava grave e que a Dalva o havia levado no medico na quinta. Contou-me que o médico queria interna-lo, mas que não quis e não concordou, pois ali naquele sofá era a sua UTI, não precisava ir pro hospital. Falou-me que evitaria ate mesmo de sair na garagem ou no portão, pois havia feito isto na quarta e tomou sol e vento e isto pode ter agravado sua situação. Disse que cuidaria para não ter que ser hospitalizado. Na quarta-feira anterior a Dalva consultou os filhos e fomos unanimes na resposta: enquanto ele puder decidir, ele decide. Se o pai não quer ficar no hospital, leva ele de volta para casa. Ele se cuidava muito e fazia tudo muito certo. Conversamos mais um pouco e deixei que ele continuasse descansando. O João estava vindo de Goiânia/GO com dois parceiros de trabalho para uma fiscalização na filial de Campinas/SP. Chegariam para o almoço. Avisei o pai que buscaria marmitas no Restaurante Urbano. Ele ofereceu dinheiro para pagar, como sempre fazia. Disse a ele que não precisava. Comeu meia marmita, uma quantia até boa. Com a chegada do João ele conversou bastante e contou suas idas ao Posto de Saúde. No final da tarde João foi para Campinas e eu o levei as 15 horas para receber a medicação no posto, que seria de 14 dias seguidos. Durante a aplicação do soro ele disse que teríamos que ver com as enfermeiras para que em alguns dias da semana fosse feira a aplicação a noite, pois todos estariam trabalhando. Queria também uma nova caixa de calmantes, mas a enfermeira explicou que teria que agendar uma consulta para solicitar. A noite recebeu a visita da Cila e do Néio. Conversou bastante e normal, mesmo com muita falta de ar e sentadinho na sua poltrona, todo coberto e com muito frio. Como era seu habito das ultimas sextas-feiras, havia dado dinheiro para que a Dalva trouxesse pizza. Comemos juntos, eu, Dalva, Victoria, Cila e Néio. Ele comeu dois pedaços e disse que preferia a pizza da semana passada que era de pepperone. Esta não gostou muito, pois tinha muito milho. No sábado, ao levar o Chico passear passei pelo seu vitrô e ele já estava se preparando para fazer o café, mas reclamou que a falta de ar estava muito ruim, que dormiu bem, mas ao se levantar ficava ruim. Na volta da caminhada vi que ele tinha feito o café e tomei com ele. Permaneceu a maior parte do tempo em sua poltrona, assistindo TV e ouvindo suas musicas preferidas, extraidas do pen drive. Fiquei no quarto-biblioteca e de lá monitorava seus barulhos e passos. Por volta de meio dia almoçamos juntos, eu, Dalva, Victoria e ele. Disse que comeria “só o que desse”. Comeu bem, batata, linguiça, arroz e feijão. No final o cafezinho de sempre. Após o almoço fui até Piracicaba e a Dalva o levou para receber a medicação no posto, conversou bastante com ele e ajeitou sua casa. No final da tarde veio o Zé, a Fátima, o Edinho, a Patrícia e o Bruno. Conversou como de costume e por volta de 19 horas a Dalva trouxe sua janta. Comeu tudo e elogiou a sopa de abóbora. O Zé ficou para dormir com ele e sua família voltou para Ártemis, pois de manhã eu e Dalva iriamos para São Roque visitar amigos. Antes das seis horas o Zé ligou avisando que ele estava mal. Fui até a sala e o encontrei de cabeça baixa, com muita dificuldade para respirar. O Zé o havia ajudado a trocar de roupa. Falei pra ele que o melhor seria ir para posto. Ele concordou. Antes ele permaneceu alguns minutos segurando no vitrô da sala, onde ele dizia que o ar era melhor e o ajudava na respiração. Perguntou em qual carro ele iria. O pai tinha carinho e apego ao seu “uninho” vermelho e foi nele que fez sua ultima viagem, por sugestão do Zé. Eu e Dalva fomos no nosso. Chegando ao posto ele desceu do carro e sentou-se do lado de fora, como era seu costume. Eu entrei e fiz sua ficha de atendimento. A recepcionista sugeriu que ele entrasse, pois fora estava frio. Ele assim fez. Sempre sozinho, entendendo tudo e sem nenhum apoio. A enfermeira veio logo e fez a triagem e ele respondeu as perguntas que ouviu. Outras eu mesmo respondi. Primeiro ela sugeriu que sentássemos no banco para aguardar o médico, mas vendo sua situação critica pediu que o acompanhasse até a cama, no setor de pronto atendimento. Eu, o Zé e a Dalva ajudamos a se deitar. Neste momento percebemos que piorou muito. Não conseguia falar, seus olhos perderam o foco e ficou agitado, não compreendendo nossas falas. O médico chegou e começou a medicar, mas não surtia efeito. Respiração muito ruim, agitado e sem responder nossas perguntas. De vez em quando tentava se levantar e tirar a sonda de respiração do nariz. Percebemos que não teria volta. Liguei para todos e logo vieram a Cila, o Néio, a Fatima, a Luciana e o João, que estava em Campinas. Foi solicitada uma UTI na região, mas não haviam vagas, devido á pandemia. Por volta do meio dia, Dr. Paulo nos chamou e disse que o ideal seria a intubação ali mesmo no Posto de Saltinho. Assim ele ficaria sedado, os remédios surtiriam melhor efeito e assim aguardaria pela vaga de UTI. Concordamos, apesar de que não havia mais com o que discordar ou decidir. Era a medicina fazendo o que podia ser feito. A intubação foi bem sucedida e por volta das 21 horas surgiu uma vaga no Piracicamirim. Ficamos tensos, pois este local é especifico de Covid e nosso receio era que ele contraísse o vírus ou constasse assim caso ele falecesse. Mas não tinha o que fazer e fomos acompanhando o SAMU até lá. Permaneceu nesta UTI do Piracicamirim até a terça-feira, 06 de julho de 2021, ás 17 horas quando faleceu. Durante a tarde o médico tentou tirar a intubação e reduzir a sedação. Mas não houve sucesso. Sua respiração estava muito ruim e foi acabando aos poucos. O medico nos contou que foi uma morte muito calma, pois não acordou da sedação. O João veio rápido de Campinas e junto com a Dalva assumiram os últimos preparativos. Ficou acertado que seu velório e sepultamento seriam em Saltinho. O velório seria de três horas, como determina a regra da pandemia. Iniciou as 10:30 horas e o sepultamento foi ás 13:30 horas, na mesma sepultura onde está a mãe, a Ana e o Francisco. Durante as poucas horas de velorio aconteceram dois momentos bonitos de oração comunitaria. O santo terço rezado pelas irmãs Marta e Maria Jose, do Instituto das Apostolas do Cenaculo e a benção de exequias celebrada pelo Diacono Natalino. No domingo seguinte, 11 de julho, a nossa familia reuniu-se na chácara do Formigueiro e rezams o terço na caeplinha de Nossa Senhora das Graças, fizemos a procissão e levantamos o mastro dos santos juninos, como era seu costume e sempre quiz que acontecesse.
Foram 87 anos, 07 meses e 11 dias de vida. Viveu cada minuto e amava a vida. Nunca quis morrer ou se se entregou ás inúmeras dificuldades que teve. Apegou-se á devoção a Nossa Senhora das Graças em todas as provações. Trabalhou muito, viveu muito e deixou muita historia. O Nenê, o Maidana, o seu Zé da Cerâmica, o seu Zé do “uninho” vermelho, que morava no Jardim Azaleias, na Rua Jose Pompermayer, 380, em Saltinho/SP.

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